Se perguntar a um investidor: “Qual é o seu capital mais valioso?”
Provavelmente ele irá escolher uma das três respostas mais comum
entre os empreendedores: o capital financeiro, o humano ou o intelectual. Para Paul Alofs tais respostas são
consideradas erradas, já que o ativo mais importante para uma empresa, segundo
o autor do livro Passion Capital – The World’s
Most Valuable Asset, deve ser a paixão.
Alofs defende a tese de que a
paixão no mundo empresarial se entende como um ativo: o capital da paixão.
Algumas empresas são exemplos da teoria de Alofs, como a Apple, o Cirque Du
Soleil, a Johnson & Johnson, a Google, a Ford e a Pixar.
Trata-se de um conceito que Alofs sintetiza na fórmula Passion Capital = Energy + Intensity + Sustainability. Isto é, este capital é a
“energia, a intensidade e a sustentabilidade que os líderes utilizam para
construir valor durável”. Um líder que segue esta premissa, um capitalista da
paixão, impulsiona a mudança no seu
meio, na sua carreira, organização, causa e até mesmo no seu país.
O autor, que é um líder nato, reconhecido gestor, galardoado com
vários prêmios de inovação, gestão e marketing,
já teve ao seu cargo as 500 lojas da Disney dos E.U.A e as lojas de música das
marcas HMV e BMG. Alofs aprendeu os princípios para o sucesso das organizações que, diz, são
a base deste capital que é a paixão.
Enumera alguns princípios:
O poder da crença
Ter credo é o primeiro passo da filosofia de Paul Alofs. Definir uma crença
e manifestá-la sob forma de credo pode ser uma ferramenta poderosa para uma
organização e vai muito além da visão e missão, consideradas atualmente
indispensáveis. “Acreditamos que a nossa primeira responsabilidade é para os
médicos, enfermeiros e pacientes, mães e pais e todos os utilizadores dos
nossos produtos e serviços”. Começa assim o credo da Johnson & Johnson, que
impressionou Paul Alofs quando, em 2009, encontrou-o afixado nos escritórios da
empresa em Toronto. Formulado em 1943, o credo da Johnson & Johnson formula
a última responsabilidade do acionista. Com a qualidade, a manutenção de preços
razoáveis e a responsabilidade social para com os fornecedores entre outras
prioridades do credo, este documento contribuiu para o sucesso da empresa,
defende Alofs. O autor conta como os colaboradores lhe falaram com entusiasmo
sobre aquele texto, premissas enraizadas na cultura, orientando toda a
atividade.
Alimentar essa crença é tão importante quanto tê-la. É a função da
cultura organizacional, o solo fértil para fazer crescer em cada membro da
empresa os valores presentes do credo. Ter os colaboradores certos, pessoas
dedicadas e comprometidas, é fundmental.
Arriscar a ganhar
A coragem para arriscar é um dos fundamentos do capital da paixão. Alofs diz que um credo só
ganha força depois de ser testado e a coragem é fulcral nesses momentos.
Enquanto a capacidade de ultrapassar o medo, a coragem manifesta-se em vários
momentos – enfrentar os concorrentes ou os superiores, por exemplo. Enfrentar o
medo de falhar marca o sucesso de um projeto; a coragem é, segundo o autor, a
alma do capital da paixão.
Consiste em enfrentar riscos bem-sucedidos, como fez Mick Jaegger quando decidiu
abandonar a London School of Economics
para formar a banda que viria a ser uma das maiores da história do rock, conta
o autor. Através de momentos destes, que empresas globais de maior sucesso
conseguiram construir a sua marca.
Torna-se também uma expectativa, aquilo que os consumidores esperam que
a empresa lhes traga, uma promessa de qualidade e desempenho. A marca tem na
base o credo, a cultura e a coragem.
Angariar recursos e planejar estratégias
Conseguir reunir recursos financeiros parece ser a preocupação das
convenções de muitos empreendedores e empresas. Porém, outros meios também são importantes
para a organização, e é a junção dos recursos financeiros, dos humanos e
tecnológicos que atrai dinheiro. Estes são ativos que alimentam o crescimento e
o desempenho da empresa e desenvolvem um papel central no capital da paixão. Só
uma empresa organizada, com seus melhores recursos devidamente alocados, no
local certo e no momento exato, consegue aproveitar o máximo de seu potencial.
Insistir e persistir
Se o plano falha na primeira tentativa, o conselho de Paul Alofs é simples: continue
tentando. Ao longo das lições, o autor recupera a sua experiência pessoal, no
mundo da música e da luta contra o câncer (foi administrador de hospital). Os
avanços nesta área da medicina foram alcançados pela persistência, um poder de
insistir após a falha.
Como nos negócios, a persistência é motivada pela crença num
objetivo final, razão pela qual o escritor a equipara ao coração do capital da paixão.
“A persistência nasce na crença e no auto-sacrifício, frequentemente ao serviço
de um bem maior”.
Citações-princípios
recomendadas por Paul Alofs:
As ações de um homem são apenas o retrato de seu credo
(Arthur Helps);
"O sucesso não é final, o fracasso não é fatal: é a
coragem para continuar que conta" (Winston Churchill);
A marca está para a empresa como a reputação para a
pessoa. Ganha-se reputação pro tentar fazer bem as coisas (Jeff Bezos);
O dinheiro cresce na árvore da persistência (Provérbio Japonês).
Texto adaptado da matéria “O activo
mais valioso das empresas”, assinado por Filipa Moreno, publicado na Revista
Executive Digest, setembro de 2012, Portugal.
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